sábado, 14 de abril de 2018

As manhãs de Sábado




As manhãs de Sábado, são todas sublimes!
Sinto o dia a nascer e, só me volto para o outro lado da cama, para continuar a dormitar e sonhar!
A claridade fuzila a janela e eu enfrento-a de corpo estendido. Escondendo o rosto com o édredon florido.
Trocam o ruído laboral, pelo silêncio espiritual.
Um silêncio grandioso, como melodias sem fim. Libertando um perfume florido, vindo do desabrochar tão perto de mim.
Deixando uma semana quase perfeita, num prazer em trabalhar que me espanta.
Só se ouve a suavidade da Natureza!
Como devo agradecer, a este espetáculo celeste. Onde me envolvo, com o agora verde despontar do que me rodeia. E me fortalece, o desejo de viver para sempre.
A Natureza, faz-me reviver, os meus mais belos momentos. Numa mão cheia de tudo. Para compensar o vazio por vezes, confuso.

domingo, 8 de abril de 2018

Só o meu Cérebro



Caminhei, caminhei!
Bem junto ao trilho, que sigo as montanhas.
Enormes!
 Agora limpas, da neve imensa que lhes cobriu de branco, autênticas virgens imaculadas que verdade se diga, nunca amortalharam até hoje, nenhum humano nas suas entranhas.
Jurei que as ultrapassava, afinal estão estatísticas.
Acelerava o passo, mas de nada valia. Eram monstros acastanhados que formam muralhas, em redor das cidades que se acotovelam em seu redor. As montanhas são infinitas!
Rendi-me à evidência e procurei admirar a sua beleza.
Vejo trilhos sinuosos, surgindo ingremes até ao cimo.
Vejo um restaurante no seu peito, obra de homens destemidos que levam até ao meio do céu, a maravilha de muitos, usufruírem da beleza infinita.
E ironicamente pensei: Quando fizer anos, irei lá almoçar com quem poderá lá chegar!
São duas horas de carro pelas costas da montanha, em terra batida, com a certeza de ter, muito para que os seus olhos brilhem.
No regresso, caminhei junto ao rio.
Tanta paz, tanto silêncio.
Que sentia o coração, no batimento do meu sossego.
E logo eu, que vinha do desassossego!
Perto de casa, ainda fui colocar uma vela na capela que protege quem cá vive.
Acolhendo de portas abertas, quem por algum tempo cá permanece!
Foram duas horas, de sol primaveril. E os campos, a abrirem-se no verde, ainda juvenil.
Só o meu cérebro, vivia mais intenso, que este paraíso!

sexta-feira, 6 de abril de 2018

No pátio do Bar



Ao longo de meses, bem longe de ti. Pediste-me beijos para afagar a nossa distância.
“Beija-me, Beija-me”! Soluçavas como migalhas lançadas!
Beijos que se cruzavam com a nossa adrenalina do momento, quando confessávamos os nossos desejos.
Por vezes ignorava-o. Por vezes tanto os desejava.
Tão colados a mim, que entreabria os lábios para os receber. No enorme espaço que me acolhia e ficava estático sem os sentir.
Por fim chegou o momento de nos encontrarmos.
Um momento tão aguardado como os dias contados!
Senti logo, enorme vontade de te beijar!
Um sentimento já tão longínquo, que já tinha perdido o sabor.
Forcei um beijo em público. Olha o meu atrevimento, perante um local do teu acolhimento.
Forcei porque te olhei!
E um carinho espontâneo surgiu, logo que os nossos olhos se cruzaram, ainda nem as bebidas, eram a pausa, para por momentos despegar-nos.
Fizeste cara de “Olha o atrevimento”.
E os minutos avançaram, contigo a puxares conversa para acalmares as minhas preces.
E numa saída para um cigarro, trocamos três beijos meio entupidos. Forçados por mim, contigo a olhar para se alguém reparava.
Voltamos à mesa, ansioso por voltar ao cigarro.
E ele surgiu no pátio do bar.
Aí não houve tréguas. Entregamo-nos em beijos chuchudos.
E as nossas línguas, cruzaram os nossos sentimentos e beijamo-nos desta vez sem constrangimentos.
Se me lembro quem foi o primeiro a voltar à mesa do bar?
Impossível!
Só descobri o brilho no teu olhar e a sala a abarrotar!
Sinal de que era impensável voltar ao pátio. Sem perder a mesa com pessoas ansiosas, por copiar o nosso momento.
E quem não beija no pátio, beija na mesa. Mesmo com as pessoas encostadas às costas das nossas cadeiras.
Valeu o momento. Valeu o nosso desejo. Valeu por fim a nossa entrega num carinho que por vezes, era controverso.

terça-feira, 3 de abril de 2018

O mar como Despedida


Antes de partir fui ver o mar!
Furioso, revoltado. Destruía o que lhe surgia no caminho.
Enrolava a areia na fúria das suas ondas e jogava-a como detritos apodrecidos, de encontro ao betão do paredão.
O céu, negro como as lareiras que ainda salpicavam vestígios da quadra pascal. Assistia à sua fúria com vontade de desafio.
Não tardou em soltar uma tempestade repentina. Surpreendendo os poucos mirones, mais parecendo esquimós escondidos em agasalhos que só se viam os olhos.
Por momentos o céu desafiou o mar!
Fúria com fúria, num cenário apocalíptico que felizmente durou poucos minutos.
Não tardou que o céu se abrisse num azul manchado. E as gaivotas, voltaram em busca do alimento, que de tão raro nestas alturas. As demandam para as povoações vizinhas.