domingo, 20 de julho de 2014

A vida presa por um Fio





Tristes de nós que nada valemos!
Entramos num avião partindo rumo ao pão nosso de cada dia.
Rumo a umas férias há anos planeadas, que surgem como um sonho realizado.
Rumo a abraço que levamos tempos infinitos a imaginar….
E fazem-nos em pedaços que nem o céu tão perto nos amparou como escudo!
Desenterrem os culpados, que se escondem nas trincheiras de uma guerra que o homem tem prazer de soltar dos jogos virtuais.
Antes que aldeias e cidades desapareçam da face da terra.


sábado, 19 de julho de 2014

O Domingo da Piscina autêntica Romaria




Sábado choveu, estava frio. Dia desagradável, mas ótimo para descansar.
O futebol envolve a noite e horas mais tarde o dia nasce.
Domingo dia repleto de sol (é o clima por aqui), brilhando o verde em redor e como a montanha é a guardiã desta povoação, o verde é a esperança de belos dias para a região.
A esplanada enche-se de famílias. Os garotos brincam ao pé da Catedral paredes meias, nesta zona a abarrotar de história.
A cerveja e o vinho branco, são o mata-bicho usual, num Domingo onde todos se juntam, porque todos se conhecem.
Tenho o jornal em frente e não é difícil ler o essencial que corre por este país.
Na política pouco difere da nossa.
São os cortes nas despesas sociais e em povoações com menos de vinte mil habitantes, os Centros de Saúde serão deslocalizados para aglomerados mais povoados e quem sofre com isso são os idosos que enchem os bancos de jardim e as consultas do médico de família
No desporto, o mundial enche metade do jornal. E cá como lá, o futebol é rei de barrigas fartas de ar de bola.
Somos novos por estas bandas e a curiosidade aguça os comentários.
Uns pegam-me no isqueiro e acendem a cigarrilha e vai um “grácias” perturbante.
Regresso a casa passando pelos bares que de porta em porta só terminam no fim da rua. Onde o Domingo enche de alegria as esplanadas que se envolvem num misto de cor e muitas bebidas.
Uns rojões com arroz branco e uma salada que mete agriões, é o almoço que me leva a uma sesta regalada e de volta ao povoado em meia hora tudo está visto.
A algazarra da pequenada desta vez vem da piscina. É lá que se concentra o povo.
Os pequenotes estão nas nuvens. Saltam para a água como pinguins e as mães bronzeiam-se para que o sol dê colorido ao branco, que as envolve dos pés á cabeça.
É o Domingo que anuncia a semana que me vai levar a casa.
É o Domingo que dá o descanso para enfrentar a semana, depois de mais uma onde as marcas já se foram.
Está calor e apetece mesmo um mergulho na piscina.
Tenho calções e toalha para dois. Mas tem tanta gente que vou esperar pelo cair da tarde.
Um mergulho e esperar pela final do Mundial com um bacalhau assado e batatas a murro, mais o vinho Don Simon. Fazem a festa e caio num sono profundo, até que o despertador me traga de volta para uma semana que voe como as garças e me coloque em casa, para dois dias de acerto de contas, para quem anda com ideias na cabeça.


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Zé Gama o homem de vida dupla




Zé Gama, cinco tostões de gente, pensava que a vida dupla se eternizava.
Imigrante em Espanha, ramificou-se no país basco, com uma mala de ferramenta imprescindível e uma companhia semanal para lhe curar as mazelas da dureza diária.
Quinze dias depois voltava ao lar, para abraçar a família e encher os sacos de comida caseira, apanhando o transporte, numa viagem longa que lhe colocava no lugar as emoções amorosas, repartidas por duas mulheres, que lhe preenchiam a vida.
No recanto da sua personalidade, micou a mulher longe dos olhares mais que evidentes dos demais, naquele espaço infestado de pensamentos tão evidentes e ofertas á mão de semear.
Era a loucura do sábado, onde a música enchia o cérebro de desejos e a bebida incitava ao prazer que não tardava. Dando espaço para que o Domingo fosse o dia de dois seres confessarem sentimentos que o tempo se encarregava de perpetuar.
Foram longos meses neste vai e vem de repouso carnal.
Por um lado loucura sem limites, de uma mulher livre e apaixonada. Que só exigia a sua presença numas horas de uma entrega febril que deixava lágrimas na partida.
Por outro a família, onde era o garante de uma estabilidade sólida. Oferendo o futuro risonho aos filhos e abraçando a esposa em promessas de amor infinito.
Vida dupla que suavizava os dias duros do trabalho e ajudavam que o tempo voasse e o levasse para os braços das mulheres, mediante o que o calendário estabelecia.
Como tudo nesta vida, nada dura!
 As desconfianças já tão claras como água, deram ligar á descoberta da mulher legítima, refugiada na clausura da abnegação da união de uma família.
 E o ultimato de ou ela ou eu, foi o grito de desespero saído da boca de quem se calou tempos infinitos.
Zé Gama viu-se em noites terríveis de insónias.
Primeiro pediu para o mudarem de local de trabalho. Fazendo disso a prova como tudo tinha terminado e a mulher de ocasião, desaparecia como nuvens levadas pelo vento.
Mas na primeira ocasião, lá estava no leito da dita cuja, para provar uma vez mais, as loucuras do desejo.
Foi o último passo onde Zé Gama desafiou o destino!
Dias depois já a noite ia bem alta, fez as malas num silêncio que os colegas nem conseguiram interromper o sono, levando consigo os bens que enchiam as malas de tantos segredos.
E sem um último adeus a quem lhe fez companhia em dias de desabafos e recolha de conselhos. Entrou no carro que entretanto lhe chegou á porta com a família. Levando-o de volta a Portugal para o lugar que o matrimónio lhe ajudou a juntar mulher e dois filhos.
Pela manhã Zé Gama, sempre um dos primeiros a despertar com o seu ruido os mais enrolados nas mantas do aconchego, já não existia. A cama estava vazia.
 Só as ferramentas espalhadas pelo betão ainda fresco do dia recente, assinalava a sua presença.




Que Fazer quando se está sempre a Aprender





.Uma vez, outra de seguida. Foram várias que lhe perdi a conta.
Não atendias e eu sabia que bem perto estavas do telemóvel, que tanto nos aproximava.
Apareci á tua porta para desfazer dúvidas e mostrar-te que quem corre por gosto não cansa.
Depois de dois dedos de conversa, o que nos une voltou á flor da pele. E mergulhamos num mar profundo afogando-nos num amor que embaciou o discernimento e nos ressuscitou devido á loucura de tanto desejo.
Amor intenso, ciúmes doentio presente!
É a máxima de uma união que se vive como se o mundo terminasse no momento seguinte.
Mas ele rola a cada dia e obriga a ver fantasmas onde eles não existem.
Que fazer?
Que se pode fazer quando se esgota as explicações e milhentas vezes se prova o que presentemente de nada serve.
Afastamo-nos por dias. Uns forçados devido ao nosso dia a dia.
 Outros necessários, para assentar a poeira pesada que invade o pensamento e renovar a esperança de um ar puro, para retomarmos o perfume do nosso encanto.
E ele surge ao primeiro olhar!
E ele desvanece-se no até amanhã!
O amor anda fatigado. Correu como uma bala, derrubando todos os obstáculos que lhe apareciam no caminho e agora que encontrou a pradaria para construir os alicerces do futuro. Não tem poiso para agarrar esse mesmo futuro.
Que fazer?
Deixar os dias correr e esperar que a luz da alegria ilumine a magia.