Para Mim e para Ela

Passas-te a semana numa gritaria desenfreada        

Como te devia custar os dias

As horas não avançavam

Mas os tormentos acentuavam-se

Segunda, terça e quarta-feira

Três dias e três noites tão compridos

Disparavas em todas as direções

Caía por terra o castelo das emoções

Quinta, sexta, mais o sábado

Remeteste-te ao silêncio dos inocentes

Ele vai ligar, ele vai falar

Mas a voz estava rouca, escondida atrás dos montes

Meu Deus por onde ele anda,

Não lhe ponho a vista em cima

Não durmo, não me alimento devidamente

Só este amor que me atormenta

Arriscava permanecer para sempre

no quintal semeado de cimento

Mas a certeza de te ver a qualquer momento

abria brechas e brotava a nossa semente

Se é verdade o que a tua mente pensa!

Apaga-me para sempre da tua memória

O tempo, esse, tudo apaga.

Tem dias que se cobre num deserto fantasma

Não conhecia esta tua faceta,

tao longe do meu olhar

Escrevias o que te ia na alma.

Encharcaste-a de certezas fantasmas

  

Sabia que teria de caminhar longas distâncias

Encrustar bolhas terríveis nestes pés, virados sapatas

Estava pronto para qualquer sacrifício,

já que virei simplesmente cristo

  

Abro os olhos ao Nascer e repouso ao Pôr

Sigo pela via rápida e o nascer do sol acompanha-me tão perto, que sinto a excelência da sua cor, romper os montes ao longe e como por magia, iluminar o dia.

O carro rola e o nascer do sol abraça-me, fazendo brilhar o meu sorriso e dando brilho aos meus olhos, ainda remetidos aos últimos momentos de um sono tão curto. E corro para iniciar mais um dia.

É ele, esse fenómeno que dá vida aos dorminhocos escondidos nos resguardos da noite, que me desperta e retira os últimos sinais do consolo da camita.

É ele que desperta os seres vivos e os move em correrias desenfreadas para vencer cada dia, numa batalha repetitiva, onde o vencedor pode dar largas ao dever cumprido.

Doze horas depois, o regresso tão esperado. Depois da ansiedade de, finalmente terminar, tantas horas da empreitada.  

Retomo a via rápida e magnífico!

O mesmo sol que me aqueceu durante o dia, retoma o caminho por onde surgiu. E aos pouquinhos vai-se esconder atrás dos montes onde a minha vista tenta alcançar.

Não existe momento mais feliz do que assistir ao nascer e ao pôr-do-sol, no mesmo percurso.

Pela manhã ele brota triunfante, estendendo-se pela largura infinita da natureza. Prendendo-se aos seus muros insuperáveis.

Pelo cair da tarde, recolhe-se lentamente deixando que a natureza se recolha no merecido descanso para retornar cada dia mais intenso de calor e magia.

E eu vivo este espetáculo!

E eu alimento o meu espirito com toda esta beleza, dia após dia.

E eu acredito que é esta força maravilhosa, que me faz superar as saudades e deixar correr os dias.

O mesmo faz o sol!

Parte para aquecer tantos como eu. E surge para me fazer feliz, como a muitos como eu!

O dela vira rotina de Sábado para Domingo

O amor não merece ser insultado

Mesmo que as pinceladas sejam dolorosas

Lembra-te dos momentos que ele te oferece

E na dúvida corre, senão ele perde-se!

O amor não merece ser posto em dúvida

Mesmo que tenhas as mãos conspurcas

Ele oferece-te o meu rosto em forma de toalha

Para limpares as desconfianças, que não te largam

O amor não merece ser comparado

Ao que conta a vizinha do lado

O dela vira rotina de sábado para domingo

O nosso, renova-se a cada segundo

O amor não viola consciências

Nem dá rótulos a quem dele vive

Une dois seres num leito para lá da retunda

E, vou deixar tudo para o sentir tão profundo